Sexta-feira, 01 de março de 2013.
Audiência
pública discutirá substituição de pena em regime semiaberto por prisão
domiciliar.
O ministro
do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes convocou audiência pública
para discutir a possibilidade de fixar a prisão domiciliar aos
condenados em regime semiaberto quando não existir estabelecimento que atenda
aos requisitos da Lei de Execução Penal (LEP).
A
questão é tema de um Recurso Extraordinário (RE 641320) que já teve repercussão
geral reconhecida pelo STF.
De
forma mais ampla, o tribunal discutirá a possibilidade do cumprimento de pena
em regime menos gravoso quando o Estado não dispuser, no sistema penitenciário,
de vaga no regime indicado na condenação.
De acordo com o ministro Gilmar Mendes, a audiência pública poderá contribuir com esclarecimentos técnicos, científicos, administrativos, políticos, econômicos e jurídicos a partir do depoimento de autoridades e membros da sociedade em geral sobre o tema.
De acordo com o ministro Gilmar Mendes, a audiência pública poderá contribuir com esclarecimentos técnicos, científicos, administrativos, políticos, econômicos e jurídicos a partir do depoimento de autoridades e membros da sociedade em geral sobre o tema.
Conforme
salientou o ministro na convocação, a discussão com a participação da sociedade
é importante, “tendo em vista as consequências que a decisão desta Corte terá
em relação a todo o sistema penitenciário brasileiro, com inevitáveis reflexos
sobre os atuais regimes de progressão prisional; os questionamentos que essa
discussão poderá suscitar em relação à individualização e à proporcionalidade
da pena e ao tratamento penitenciário, que impõe o estrito cumprimento da
Constituição, de pactos internacionais e da Lei de Execuções Penais; bem como a
necessidade de se conhecer melhor as estruturas e condições dos
estabelecimentos destinados, em todo o país, aos regimes de cumprimento de pena
e às medidas socioeducativas”.
Inscrições
de especialistas
Os
interessados em trazer suas contribuições para o debate já podem encaminhar um
e-mail para o endereçoregimeprisional@stf.jus.br com a indicação dos representantes
que falarão por cada órgão ou entidade.
O ministro
Gilmar Mendes já determinou o envio de convites a autoridades como o presidente
da Câmara dos Deputados; o presidente do Senado Federal; o ministro da Justiça;
a ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, assim
como ao procurador-geral da República, ao presidente da Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB) e ao defensor-público-geral da União.
Em seu
despacho, o ministro ainda sugere que sejam convidados representantes de
entidades como secretarias estaduais de segurança pública, justiça e
administração penitenciária ou responsáveis pelo sistema prisional e do
Departamento Penitenciário Nacional (Depen-MJ), além de outros órgãos ligados
ao sistema carcerário brasileiro.
Ainda não
há data fixada para a realização da audiência pública.
Terça-feira, 12 de julho de 2011.
Reconhecida repercussão geral de regime penal menos gravoso.
Com repercussão geral reconhecida pelo Supremo
Tribunal Federal (STF), matéria que será analisada no Recurso Extraordinário
(RE) 641320 discute possibilidade de autorização do cumprimento de
pena em regime carcerário menos gravoso, diante da impossibilidade de o Estado
fornecer vagas para o cumprimento no regime originalmente estabelecido na
condenação penal.
O RE foi interposto pelo Ministério Público do
Estado do Rio Grande do Sul (MPE-RS) contra acórdão do Tribunal de Justiça
gaúcho (TJ-RS).
O TJ-RS determinou a um condenado
em regime semiaberto o cumprimento da pena privativa de liberdade em prisão
domiciliar, enquanto não houver vaga em estabelecimento prisional que atenda
aos requisitos da Lei de Execuções Penais (LEP).
No recurso, o MPE-RS alega violação aos artigos 1º,
inciso III, e 5º, incisos II, XLVI e LXV, da Constituição Federal.
Art. 1º A República Federativa do
Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
III - a dignidade da pessoa humana;
Art. 5º: II - ninguém será obrigado a
fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
XLVI - a lei regulará a
individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
LXV - a prisão ilegal será imediatamente
relaxada pela autoridade judiciária;
Salienta que a impossibilidade
material de o Estado instituir estabelecimento prisional destinado ao regime
semiaberto que atenda a todas as exigências da legislação penal “não autoriza,
por si só, o Poder Judiciário a conceder o benefício da prisão domiciliar fora
das hipóteses contempladas em lei, devendo o recorrido cumprir pena da mesma
forma que cumprem os demais apenados em idêntica situação, sob pena de afronta
ao princípio da legalidade”.
De acordo com o Ministério Público gaúcho, a
prisão domiciliar foi deferida ao condenado “de forma genérica e abstrata”,
sem a análise das particularidades do caso concreto.
“Ocorre que tal decisão [do TJ] ofende o
princípio constitucional da individualização da pena, na
medida em que padroniza as penas e iguala os desiguais”, sustenta.
O MPE-RS argumenta que os requisitos estabelecidos
legalmente para a concessão da prisão domiciliar [previstos no artigo 117 da LEP] “visam justamente a atender a situações
particulares que demandam a aplicação de tal regime prisional, com o que não pode ser concedido de forma
indiscriminada a todo e qualquer apenado, como tem sido feito pela
Quinta Câmara Criminal do Tribunal de Justiça gaúcho”.
Dessa forma, o autor do recurso finaliza,
ressaltando que, ao desconsiderar os requisitos legais necessários à concessão
da prisão domiciliar, “deferindo-a
àqueles que não os preenchem, o órgão fracionário deixa de dar a cada um o que
lhe é devido, contrariando o principio constitucional da individualização da
pena”.
Repercussão
O relator do caso, ministro Gilmar Mendes,
manifestou-se pelo reconhecimento de repercussão geral da questão
constitucional. “No caso, a controvérsia
cinge-se a determinar se os preceitos constitucionais invocados autorizam o
cumprimento de pena em regime carcerário menos gravoso, diante da impossibilidade de o Estado fornecer
vagas para o cumprimento no regime originalmente estabelecido na condenação
penal”, lembrou.
Para ele, a discussão alcança grande número de
interessados, sendo necessária a manifestação desta Corte para a pacificação da
matéria.
Mendes verificou que na
jurisprudência do STF há posicionamentos divergentes sobre o assunto, como é o caso do Recurso
Ordinário em Habeas Corpus (RHC) 82329, Reclamação (Rcl) 1950 e dos Habeas
Corpus (HCs) 94810 e 94526.
“Portanto, revela-se tema com manifesta relevância
social e jurídica, que ultrapassa os interesses subjetivos da causa. Nesse sentido,
entendo configurada a repercussão geral da matéria constitucional”, ressaltou o
ministro Gilmar Mendes.
Quinta-feira, 28 de fevereiro de
2013.
STF reconhece imunidade tributária recíproca sobre
todos os serviços dos Correios.
Por maioria de votos, o Plenário
do Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu nesta quinta-feira (28) o julgamento
do Recurso Extraordinário (RE 601392) que discutia a imunidade da
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) em relação ao recolhimento
do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) nas atividades exercidas
pela empresa que não tenham características de serviços postais.
Após reformulação do voto do
ministro Ricardo Lewandowski, somaram-se seis votos favoráveis para reconhecer
que a imunidade tributária recíproca
– nos termos do artigo 150, VI, “a”, da Constituição Federal (que veda
a cobrança de impostos sobre patrimônio, renda ou serviços entre os entes
federados) – alcança todas as
atividades exercidas pelos Correios.
O tema teve repercussão geral
reconhecida.
No recurso, a empresa pública
questionava decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) que
reconheceu o direito de a Prefeitura de Curitiba (PR) tributar os Correios com
o ISS nos serviços elencados no item 95 da Lista anexa do Decreto-lei 56/1987.
Esses serviços abrangem cobranças
e recebimentos por conta de terceiros, inclusive direitos autorais, protestos
de títulos, sustação de protestos, devolução de títulos pagos, manutenção de
títulos vencidos, fornecimento de posição de cobrança ou recebimento e outros
serviços correlatos da cobrança ou recebimento.
Conforme argumento dos Correios,
a decisão do TRF-4 contrariou o artigo 21, inciso X, da Constituição Federal,
segundo o qual compete à União manter o serviço postal e o correio aéreo
nacional. Sustentou ainda que o STF deveria reconhecer a “imunidade completa”
de suas atividades, pois todos os seus rendimentos estão
condicionados à prestação de serviço público.
Julgamento
O julgamento foi retomado hoje
com o voto-vista do ministro Dias Toffoli, que se posicionou pelo provimento do
RE. De acordo com o ministro, “a imunidade deve alcançar todas as atividades
desempenhadas pela ECT, inclusive as atividades afins autorizadas pelo
Ministério das Comunicações, independentemente da sua natureza”. O ministro
destacou que se trata de uma empresa
pública prestadora de serviços públicos criada por lei para os fins do artigo
21, inciso X, da Constituição Federal e afirmou que todas as suas rendas
ou lucratividade são revertidas para as “finalidades precípuas”.
No mesmo sentido já haviam votado
– em novembro de 2011 – os ministros Ayres Britto (aposentado), Gilmar Mendes e
Celso de Mello. Na ocasião, o ministro Ayres Britto foi quem abriu
divergência, ao entender que “é obrigação do poder público
manter esse tipo de atividade, por isso que o lucro, eventualmente obtido pela empresa, não se
revela como um fim em si mesmo, é um meio para a continuidade, a ininterrupção
dos serviços a ela afetados”.
Após o voto do ministro Dias
Toffoli, a ministra Rosa Weber acompanhou o mesmo entendimento, assim como o
ministro Ricardo Lewandowski, que mudou seu posicionamento e, dessa forma,
formou a maioria pelo provimento do recurso.
Lewandowski afirmou ter ficado
convencido, após analisar melhor a questão, de que os Correios prestam um serviço público de natureza essencial
e atua onde a iniciativa privada não tem interesse de atuar e, portanto, não
há concorrência com fins lucrativos.
Ele
lembrou que as próprias empresas privadas responsáveis pela entrega de
encomendas e pacotes se valem do serviço dos Correios porque do ponto de vista
financeiro é desinteressante.
“Não se
pode equiparar os Correios a empresas comuns em termos de concorrência porque
não concorre de forma igualitária com estas. Primeiro porque precisa contratar
seus bens e serviços mediante a Lei 8.666/93, que engessa sobremaneira a
administração pública”, afirmou o ministro ao destacar que “não há nenhuma
disparidade de armas no que tange ao reconhecimento dessa imunidade fiscal
relativamente aos Correios”.
Relator
Ficaram vencidos nessa questão o
relator, ministro Joaquim Barbosa, e outros quatro integrantes da Corte que o
acompanharam: os ministros Luiz Fux, Cármen Lúcia, Marco Aurélio e Cezar Peluso
(aposentado).
De acordo
com o relator, no momento em que a empresa age com intuito de fins lucrativos,
para si ou para outrem, a imunidade recíproca de tributos não deve ser
aplicada.
E este seria, segundo ele, o caso
dos serviços questionados no RE. O ministro Joaquim Barbosa observou que o Estado e
os “diversos braços estatais” só podem exercer essa atividade econômica
excepcionalmente.
“A regra é o exercício de atividade econômica por atores privados”.
Em sua opinião, deveria
haver uma distinção entre os serviços lucrativos e os serviços executados pelo
Estado.
O relator ainda lembrou que a ECT exerce, ao mesmo tempo, atividade
postal e bancária, como a venda de títulos em concorrência com o setor privado.
De acordo com ele, a
Constituição Federal determina que, quando o Estado ou empresa estatal resolve
empreender na área econômica, deve fazê-lo em igualdade de condições com o
particular.
“Deve-se estabelecer a distinção: quando está diante de exercício
de serviço público, há imunidade absoluta, quando se tratar de exercício de
atividade privada, devem incidir as mesmas normas incidentes sobre as empresas
privadas, inclusive as tributárias, como diz a Constituição”, afirmou.
CR- Art. 150. Sem
prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI - instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns
dos outros;
§ 2º - A vedação do inciso VI,
"a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas
pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados
a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.
§ 3º - As vedações do inciso VI,
"a", e do parágrafo anterior não
se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas
pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo
usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto
relativamente ao bem imóvel.
Aqui.
Quarta-feira, 13 de
fevereiro de 2013.
Rádio Justiça destaca endividamento dos brasileiros e como as
cobranças podem ser feitas pelos credores
CNJ no Ar aborda a decisão do TJ-AM que cassou liminares para
funcionamento de casas noturnas em Manaus
Saiba por que o presidente do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM), desembargador Ari Jorge Moutinho da Costa, decidiu cassar as liminares concedidas a proprietários de casas noturnas de Manaus. CNJ no Ar, nesta quinta-feira (14), a partir das 10 horas.
Saiba por que o presidente do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM), desembargador Ari Jorge Moutinho da Costa, decidiu cassar as liminares concedidas a proprietários de casas noturnas de Manaus. CNJ no Ar, nesta quinta-feira (14), a partir das 10 horas.
Justiça na Manhã Entrevista destaca o endividamento dos
brasileiros e como as cobranças podem ser feitas pelos credores
Inadimplência: vamos entender como podem ser feitas as cobranças por parte dos bancos e repercutir o endividamento dos brasileiros diante dos juros e incentivos fiscais. Justiça na Manhã Entrevista, nesta quinta-feira (14), a partir das 11 horas.
Inadimplência: vamos entender como podem ser feitas as cobranças por parte dos bancos e repercutir o endividamento dos brasileiros diante dos juros e incentivos fiscais. Justiça na Manhã Entrevista, nesta quinta-feira (14), a partir das 11 horas.
Defenda seus Direitos explica como proceder em casos de acidente
de consumo
Um acidente de consumo ocorre quando um produto ou serviço prestado provoca dano físico ao usuário ou a terceiros mesmo quando utilizado ou manuseado corretamente. Saiba quais são seus direitos nestes casos no programa Defenda seus Direitos, nesta quinta-feira (14), a partir das 13 horas.
Um acidente de consumo ocorre quando um produto ou serviço prestado provoca dano físico ao usuário ou a terceiros mesmo quando utilizado ou manuseado corretamente. Saiba quais são seus direitos nestes casos no programa Defenda seus Direitos, nesta quinta-feira (14), a partir das 13 horas.
Crimes cometidos durante o Carnaval é o tema da radionovela
“Ressaca criminal”
Depois de pular o Carnaval, Deco e Marquito tomaram um porre tão grande que acordaram morrendo de ressaca. Eles não sabem onde estão nem o que fizeram. Mas Lenita, noiva do Deco, vai relembrar os dois de todas as peripécias que cometeram. Radionovela, em diversos horários e versão compacta sábados e domingos, às 20h30.
Depois de pular o Carnaval, Deco e Marquito tomaram um porre tão grande que acordaram morrendo de ressaca. Eles não sabem onde estão nem o que fizeram. Mas Lenita, noiva do Deco, vai relembrar os dois de todas as peripécias que cometeram. Radionovela, em diversos horários e versão compacta sábados e domingos, às 20h30.
Rádio Justiça
Emissoras interessadas podem receber boletins diários produzidos pela Radioagência Justiça. Basta um cadastro no site. São jornais com as principais notícias do Judiciário transmitidos diariamente. A Rádio Justiça é sintonizada em 104,7 MHz, no Distrito Federal, pelo satélite ou pelo site www.radiojustica.jus.br. Siga a Rádio Justiça pelo Twitter no endereço http://twitter.com/radiojustica.
Emissoras interessadas podem receber boletins diários produzidos pela Radioagência Justiça. Basta um cadastro no site. São jornais com as principais notícias do Judiciário transmitidos diariamente. A Rádio Justiça é sintonizada em 104,7 MHz, no Distrito Federal, pelo satélite ou pelo site www.radiojustica.jus.br. Siga a Rádio Justiça pelo Twitter no endereço http://twitter.com/radiojustica.
Sexta-feira, 08 de março
de 2013.
Saiba Mais sobre a lei de combate à lavagem de dinheiro
O
canal oficial do Supremo Tribunal Federal (STF) no YouTube traz, nesta
sexta-feira (8), uma entrevista com o advogado criminalista Ticiano Figueiredo,
que esclarecerá o que pode ser considerado como crime antecedente à lavagem de
dinheiro e quais são as principais penalidades prevista na lei.
Figueiredo também explica o que pode acontecer às pessoas físicas e jurídicas que descumprirem a obrigação de informar suas atividades ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o Coaf, além de comentar sobre os principais desafios da lei e sua aplicação.
Assista ao vídeo em www.youtube.com/stf
Figueiredo também explica o que pode acontecer às pessoas físicas e jurídicas que descumprirem a obrigação de informar suas atividades ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o Coaf, além de comentar sobre os principais desafios da lei e sua aplicação.
Assista ao vídeo em www.youtube.com/stf
J. MILITAR:
Justiça
militar e correição parcial - 3
A 2ª Turma retomou julgamento de habeas corpus impetrado
contra decisão do STM que rejeitara preliminar de não conhecimento de pedido de
correição parcial e, no mérito, deferira o pleito de juiz-auditor corregedor
para desconstituir decisão de primeira instância, que arquivara inquérito, e
determinar a remessa deste à Procuradoria-Geral da Justiça Militar — v.
Informativo 688. O Min. Gilmar Mendes, em voto-vista, ao dissentir no tocante à
tempestividade da representação, concedeu a ordem para cassar o acórdão do STM
e, por conseguinte, manter o arquivamento do auto de prisão em flagrante.
Indicou que o lapso de
5 dias fora contado a partir do despacho de
conclusão de 7.10.2011, porém deveria
ter sido computado da entrega dos autos na corregedoria.
Reproduziu o que decidido pelo Plenário do STF no HC 83255/SP
(DJU de 12.3.2004), no sentido de que o prazo recursal para o Ministério Público
contar-se-ia da
entrega de processo, com vista, em setor administrativo incumbido de recebê-lo.
Complementou que o prazo não se iniciaria da deliberada
aposição do ciente de membro do parquet ou de distribuição interna. Obtemperou
que o entendimento, renovado no exame de outras impetrações, mostrar-se-ia
aplicável ao caso em tela, por se tratar
igualmente de prazo peremptório e, portanto, preclusivo.
Avaliou
que não se deveria admitir que se deixasse ao arbítrio de juiz-auditor a
definição do dies a quo do prazo de representação, sob pena de ofensa ao art.
498, § 1º, do CPPM.
Por isso, asseverou ter
a representação dado entrada no STM quando ultrapassado o lapso de 5 dias.
Após, a Min. Cármen Lúcia, relatora, indicou adiamento.
HC 112977/RJ, rel. Min. Cármen Lúcia, 5.2.2013. (HC-112977)
HC 112977/RJ, rel. Min. Cármen Lúcia, 5.2.2013. (HC-112977)
CPPM. Art 498. O Superior Tribunal Militar
poderá proceder à correição parcial:
a) a requerimento das partes, para o fim de ser corrigido êrro ou omissão
inescusáveis, abuso ou ato tumultuário, em processo, cometido ou consentido por
juiz, desde que, para obviar tais fatos, não haja recurso previsto neste
Código;
b) mediante representação do Ministro
Corregedor-Geral, para corrigir arquivamento irregular em inquérito ou
processo. (Redação
dada pela Lei nº 7.040, de 11.10.1982)
1º É de cinco dias o prazo para o requerimento ou a representação, devidamente
fundamentados, contados da data do ato que os motivar.
Disposição regimental
2º O Regimento do Superior Tribunal Militar disporá a respeito do processo e
julgamento da correição parcial.
Competência: policiamento ostensivo e delito
praticado por civil contra militar:
Compete à justiça
federal comum processar e julgar civil,
em tempo de paz, por delitos alegadamente cometidos por estes em ambiente
estranho ao da Administração castrense e praticados contra militar das Forças
Armadas na função de policiamento ostensivo, que traduz típica atividade de segurança
pública.
Essa a conclusão da 2ª Turma ao conceder habeas corpus para
invalidar procedimento penal instaurado contra o paciente perante a justiça
militar, desde a denúncia, inclusive, sem prejuízo da renovação da persecutio
criminis perante órgão judiciário competente, contanto que ainda não consumada
a prescrição da pretensão punitiva do Estado. Determinou-se, ainda, a
remessa dos aludidos autos ao TRF da 2ª Região para que, mediante regular
distribuição, fossem encaminhados a uma das varas criminais competentes.
Na espécie, atribuir-se-ia a civil a suposta prática de conduta
tipificada como desacato a militar. Por sua vez, o membro do Exército (por isso a competência da justiça
federal) estaria no contexto de atividade de policiamento, em virtude de
“processo de ocupação e pacificação” de comunidades cariocas.
Sopesou-se que a mencionada atividade seria de índole
eminentemente civil, porquanto envolveria típica natureza de segurança pública,
a afastar o ilícito penal questionado da esfera da justiça castrense.
Pontuou-se que
instauraria — por se tratar de agente público da União — a competência da
justiça federal comum (CF, art. 109, IV).
Constatou-se que o Supremo, ao defrontar-se com situação
assemelhada, não considerara a atividade de policiamento ostensivo função de
natureza militar.
A par disso, reconhecera a incompetência absoluta da justiça
castrense para processar e julgar civis que, em tempo de paz, tivessem cometido
fatos que, embora em tese delituosos, não se subsumiriam à descrição
abstrata dos elementos componentes da estrutura jurídica dos tipos penais
castrenses que definiriam crimes militares em sentido impróprio.
HC 112936/RJ, rel. Min. Celso de Mello, 5.2.2013. (HC-112936)
HC 112936/RJ, rel. Min. Celso de Mello, 5.2.2013. (HC-112936)
CR/88. Art. 109. Aos juízes federais
compete processar e julgar:
IV - os crimes políticos e as infrações
penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de
suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça
Militar e da Justiça Eleitoral;
Material de
processo penal militar: crime impropriamente militar: infração penal prevista no CPM que, não sendo específica e funcional do
militar, torna-se crime militar diante
da presença de uma das hipóteses do art. 9º daquela codificação. Também
conhecido como crime acidentalmente militar.
É
a infração penal cuja prática é possível a qualquer cidadão (civil ou militar),
passando a ser considerado crime militar porque praticado nas condições do art.
9º, CPM.
Lembrando que o “civil” só pode ser julgado pela JM da
União.
AQUI.
A 2ª Turma concedeu habeas corpus para reformar acórdão do STM, no qual deferida correição parcial, e determinar o restabelecimento da decisão declaratória de extinção de punibilidade por supostas práticas de crimes de deserção. Enfatizou-se descaber a interposição de correição parcial, por juiz-auditor corregedor, contra ato decisório em que se reconhecera a perda do jus puniendi estatal, sobretudo por se tratar de matéria de direito e não de erro procedimental.
Frisou-se que, no caso, o Ministério Público Militar, titular
da ação penal, não recorrera da decisão extintiva da punibilidade, que se
tornara imutável. Reputou-se, portanto, que o aresto atacado violaria a coisa
julgada material.
HC 110538/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, 5.2.2013. (HC-110538)
HC 110538/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, 5.2.2013. (HC-110538)
CPPM- DA CORREIÇÃO PARCIAL
Casos de correição parcial
Art 498. O Superior Tribunal Militar poderá proceder à correição parcial:
a) a requerimento das partes, para o fim de ser corrigido êrro ou omissão
inescusáveis, abuso ou ato tumultuário, em processo, cometido ou consentido por
juiz, desde que, para obviar tais fatos, não haja recurso previsto neste
Código;
b) mediante representação do Ministro Corregedor-Geral, para corrigir
arquivamento irregular em inquérito ou processo. (Redação
dada pela Lei nº 7.040, de 11.10.1982)
1º É de cinco dias o prazo para o requerimento ou a representação, devidamente
fundamentados, contados da data do ato que os motivar.
Disposição regimental
2º O Regimento do Superior Tribunal Militar disporá a respeito do processo e
julgamento da correição parcial.
Sexta-feira, 15 de março
de 2013.
Lei de crimes hediondos é tema
do Saiba Mais desta sexta-feira (15)
O quadro Saiba Mais, no canal
do Supremo Tribunal Federal (STF) no YouTube, apresenta nesta sexta-feira (15)
uma entrevista com o advogado criminalista Pedro Paulo Castelo Branco. Os tipos
de crimes considerados e equiparados como hediondos, o que prevê a Constituição
Federal sobre eles, a duração da prisão por este tipo de crime e as situações
nas quais é possível requerer o livramento condicional são alguns dos temas
esclarecidos pelo advogado.
Quarta-feira, 09 de maio de 2012.
Arquivada ADPF sobre votos dados
a candidatos "sub judice"
O ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal
Federal (STF), determinou o arquivamento da Arguição de Descumprimento de
Preceito Fundamental (ADPF 239) sobre o destino dos votos recebidos por
candidatos a cargos eletivos que concorrem sob pendência judicial (sub
judice).
A ação foi proposta pelo Partido Trabalhista Cristão (PTC) que contesta
entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Tribunal Regional
Eleitoral do Ceará (TRE-CE), segundo o qual os votos dados aos candidatos que
concorrem com o registro indeferido, porém pendente de recurso, não podem ser
repassados para o partido.
Assim, o PTC pedia a declaração de
inconstitucionalidade do art. 16-A da Lei 9.504/1997 (Lei Eleitoral), com a
redação dada pela Lei 12.034/2009 (Minirreforma Eleitoral) e a suspensão da
tramitação dos processos que questionam no TSE o dispositivo citado.
Contudo, ao analisar os pedidos, o ministro Joaquim
Barbosa observou que ele mesmo já é relator de outras duas Ações Diretas de
Inconstitucionalidade (ADIs 4513 4542) que questionam o mesmo dispositivo. O
ministro salientou que o artigo 4º, parágrafo 1º, da Lei 9.882/1999, que dispõe
sobre o processo e julgamento da ADPF, afirma que esse instrumento jurídico só poderá ser utilizado
quando todos os outros mecanismos processuais previstos já estiverem esgotados.
O ministro registrou que os
processos objeto de questionamento por meio da ADPF ainda não foram examinados
na Corte Eleitoral. “Portanto, não foi afastada a existência de outros
instrumentos judiciais eficazes para reparar a situação tida por lesiva ao
preceito fundamental, na medida em que as decisões, quando proferidas, poderão
ser impugnadas pelos recursos adequados”, ponderou o ministro Joaquim Barbosa.
O ministro ressaltou ainda que o dispositivo da Lei
Eleitoral já está sendo questionado no STF por meio das ADIs 4513 e 4542, de
sua relatoria, “de modo que o tema está submetido ao crivo do Supremo Tribunal
Federal, no controle de constitucionalidade concentrado”.
Assim, o ministro indeferiu a petição inicial do
PTC, julgou prejudicada a análise do pedido de liminar e determinou o
arquivamento da ADPF 239.
Ação semelhante (ADPF 238) foi ajuizada no STF pelo
Partido Trabalhista do Brasil (PT do B) que também foi arquivada por
determinação do ministro Joaquim Barbosa pelo mesmo motivo observado na ação do
PTC.
Quarta-feira, 09 de maio
de 2012
STF confirma validade de sistema de cotas em universidade pública.
Por
maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou nesta
quarta-feira (9) a constitucionalidade do sistema de cotas adotado pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
A decisão foi tomada no julgamento do Recurso Extraordinário (RE 597285), com repercussão geral, em que um estudante questionava os critérios adotados pela UFRGS para reserva de vagas. A universidade destina 30% das 160 vagas a candidatos egressos de escola pública e a negros que também tenham estudado em escolas públicas (sendo 15% para cada), além de 10 vagas para candidatos indígenas.
De acordo com o estudante, o sistema não é razoável e traz um “sentimento gritante de injustiça”. Ele informa que prestou o vestibular para o curso de administração em 2008, primeiro ano da aplicação do sistema de cotas, e foi classificado em 132º lugar. Segundo sua defesa, se o vestibular tivesse ocorrido no ano anterior ele teria garantido vaga, mas no novo modelo concorreu a apenas às 112 vagas restantes.
Relator
O relator do recurso, ministro Ricardo Lewandowski, votou pela constitucionalidade do sistema por entender que os critérios adotados pela UFRGS estão em conformidade com o que já decidido na ADPF 186, em que o Plenário confirmou a constitucionalidade do sistema de cotas adotado pela Universidade de Brasília (UnB).
Ele lembrou que na ocasião do julgamento da ADPF 186, o STF concluiu pela constitucionalidade das políticas de ação afirmativa; da utilização dessas políticas na seleção para o ingresso no ensino superior, especialmente nas escolas públicas; do uso do critério étnico racial por essas políticas; da auto identificação como método de seleção; e da modalidade de reserva de vagas ou de estabelecimento de cotas.
“Não há nenhuma discrepância. Penso que cada universidade deve realmente ser prestigiada no que concerne o estabelecimento desses critérios, sobretudo, desta universidade que é uma das maiores e mais reconhecidas do país em termos de excelência acadêmica”, destacou o ministro ao afirmar que a UFRGS “certamente soube estabelecer critérios consentâneos com a realidade local”.
O último argumento levantado pelo estudante e também rechaçado pelo ministro Lewandowski foi quanto à necessidade de lei formal que autorizasse a criação da ação afirmativa de reserva de cotas.
Nesse sentido, ele observou que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9.394/96) deixou para as universidades o estabelecimento dos critérios que devem ser utilizados na seleção dos estudantes, tendo em vista a repercussão desses critérios sobre o ensino médio. O ministro destacou que a lei tem amparo no artigo 207 da Constituição Federal que garante às universidades autonomia didático-científica.
Para ele, cada universidade procura “atender as metas estabelecidas na Constituição no que diz respeito ao atingimento de uma sociedade mais justa, mais fraterna e mais solidária”.
Votos
A ministra Rosa Weber acompanhou o relator e votou pelo desprovimento do Recurso Extraordinário (RE) 597285, sob o argumento de que o sistema de cotas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul guarda “absoluta consonância” com a Constituição Federal quando “estabelece como seu fundamento a dignidade da pessoa humana e tem como objetivo fundamental a erradicação da pobreza, a redução das desigualdades sociais e regionais, promovendo o bem de todos, sem preconceitos de qualquer natureza”.
Segundo a ministra Rosa Weber, o edital do vestibular de 2008 da universidade para o curso noturno de Administração, objeto do recurso extraordinário, previa que haveria 112 vagas para acesso universal e 48 reservadas para alunos egressos de escola pública, portanto todos os candidatos já sabiam quantas vagas estavam em disputa.
Também acompanhando o voto do relator, o ministro Luiz Fux considerou que o sistema de cotas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) é mais adequado do que a adoção de cotas étnico-raciais. “É um dado empírico que os alunos de escola pública e os afrodescendentes têm dificuldade de acesso às universidades públicas”, apontou.
O ministro Joaquim Barbosa votou pelo desprovimento do recurso extraordinário, justificando que os fatores raciais, sociais e econômicos se mesclam nessa questão. “Não há como sustentar que, resolvida a questão racial, devemos esquecer os aspectos econômicos e sociais”, sublinhou.
O ministro Gilmar Mendes votou pelo desprovimento do recurso extraordinário, apontando que o sistema será reavaliado neste ano, mas fez ressalvas em relação ao programa, apontando que algumas escolas públicas gaúchas, como as de aplicação e as militares, podem ser mais “elitistas” que os colégios privados.
“Em geral no Brasil, estão nas escolas públicas as pessoas com menor poder aquisitivo. No entanto, o critério de alunos oriundos de escola pública quando aplicada em determinadas unidades da federação pode se revelar discriminatória. Esse sistema pode estimular uma atitude arrivista de aproveitar o modelo para facilitar o caminho a universidade, fugindo do concurso universal”, ressaltou o ministro Gilmar Mendes, defendendo que a política da UFGRS merece uma “meditação” depois de cinco anos de existência.
O ministro Celso de Mello seguiu na íntegra o voto do relator e, ao negar provimento ao recurso, ressaltou que a adoção de mecanismos de compensação fundados em políticas públicas e ações afirmativas têm por objetivo a promoção de uma sociedade “justa, livre, fraterna e solidária” – prevista não apenas na Constituição Federal, mas também em tratados e convenções internacionais dos quais o Brasil é signatário, como a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial das Nações Unidas.
O objetivo de tais instrumentos, assinalou, é promover a igualdade no futuro, “ainda que, no presente, pareçam criar desigualdades”. Para o ministro Celso de Mello, há fundamentos normativos suficientes para legitimar a plenitude de ações afirmativas – entre eles o princípio da autonomia das universidades.
O presidente do STF, ministro Ayres Britto, reafirmou os fundamentos adotados no voto proferido na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 186, relativa ao sistema de cotas raciais na Universidade de Brasília (UnB). Depois de reiterar as diferenças entre cotas raciais e sociais, o ministro Ayres Britto assinalou que, “quando há desigualdades factuais, que desestabilizam a vida social, o direito cria desigualdades jurídicas, para restabelecer o equilíbrio da sociedade”.
Ao negar provimento ao recurso, o ministro assinalou que a Constituição da República prevê, no artigo 23, inciso X, que é dever do Estado “combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos”. Neste sentido, concluiu, “nossa Constituição é um atestado eloquente ao desumanismo dos preconceitos, ela é humanista por excelência, e se qualifica como um documento civilizado no âmbito das nações de economia desenvolvida e de democracia consolidada”.
Os ministros Dias Toffoli, Carmem Lúcia Antunes Rocha e Cezar Peluso também acompanharam o relator.
Divergência
Único ministro a votar pelo provimento do recurso extraordinário, o ministro Marco Aurélio avaliou que não vê motivo para haver cotas de acesso à universidade para alunos oriundos de escola pública. “Uma coisa é a busca do tratamento igualitário levando em conta a raça e o gênero. Outra coisa é fazer uma distinção pela escola de origem”, sustentou.
Para o ministro Marco Aurélio, não é possível presumir que o ensino público não viabiliza o acesso à universidade. “Dessa forma, estaremos censurando o próprio estado, que mantém as escolas públicas”, pontuou. A seu ver, o critério econômico não pode ser aventado no caso, pois não estudam em colégios públicos apenas os “menos afortunados”.
A decisão foi tomada no julgamento do Recurso Extraordinário (RE 597285), com repercussão geral, em que um estudante questionava os critérios adotados pela UFRGS para reserva de vagas. A universidade destina 30% das 160 vagas a candidatos egressos de escola pública e a negros que também tenham estudado em escolas públicas (sendo 15% para cada), além de 10 vagas para candidatos indígenas.
De acordo com o estudante, o sistema não é razoável e traz um “sentimento gritante de injustiça”. Ele informa que prestou o vestibular para o curso de administração em 2008, primeiro ano da aplicação do sistema de cotas, e foi classificado em 132º lugar. Segundo sua defesa, se o vestibular tivesse ocorrido no ano anterior ele teria garantido vaga, mas no novo modelo concorreu a apenas às 112 vagas restantes.
Relator
O relator do recurso, ministro Ricardo Lewandowski, votou pela constitucionalidade do sistema por entender que os critérios adotados pela UFRGS estão em conformidade com o que já decidido na ADPF 186, em que o Plenário confirmou a constitucionalidade do sistema de cotas adotado pela Universidade de Brasília (UnB).
Ele lembrou que na ocasião do julgamento da ADPF 186, o STF concluiu pela constitucionalidade das políticas de ação afirmativa; da utilização dessas políticas na seleção para o ingresso no ensino superior, especialmente nas escolas públicas; do uso do critério étnico racial por essas políticas; da auto identificação como método de seleção; e da modalidade de reserva de vagas ou de estabelecimento de cotas.
“Não há nenhuma discrepância. Penso que cada universidade deve realmente ser prestigiada no que concerne o estabelecimento desses critérios, sobretudo, desta universidade que é uma das maiores e mais reconhecidas do país em termos de excelência acadêmica”, destacou o ministro ao afirmar que a UFRGS “certamente soube estabelecer critérios consentâneos com a realidade local”.
O último argumento levantado pelo estudante e também rechaçado pelo ministro Lewandowski foi quanto à necessidade de lei formal que autorizasse a criação da ação afirmativa de reserva de cotas.
Nesse sentido, ele observou que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9.394/96) deixou para as universidades o estabelecimento dos critérios que devem ser utilizados na seleção dos estudantes, tendo em vista a repercussão desses critérios sobre o ensino médio. O ministro destacou que a lei tem amparo no artigo 207 da Constituição Federal que garante às universidades autonomia didático-científica.
Para ele, cada universidade procura “atender as metas estabelecidas na Constituição no que diz respeito ao atingimento de uma sociedade mais justa, mais fraterna e mais solidária”.
Votos
A ministra Rosa Weber acompanhou o relator e votou pelo desprovimento do Recurso Extraordinário (RE) 597285, sob o argumento de que o sistema de cotas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul guarda “absoluta consonância” com a Constituição Federal quando “estabelece como seu fundamento a dignidade da pessoa humana e tem como objetivo fundamental a erradicação da pobreza, a redução das desigualdades sociais e regionais, promovendo o bem de todos, sem preconceitos de qualquer natureza”.
Segundo a ministra Rosa Weber, o edital do vestibular de 2008 da universidade para o curso noturno de Administração, objeto do recurso extraordinário, previa que haveria 112 vagas para acesso universal e 48 reservadas para alunos egressos de escola pública, portanto todos os candidatos já sabiam quantas vagas estavam em disputa.
Também acompanhando o voto do relator, o ministro Luiz Fux considerou que o sistema de cotas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) é mais adequado do que a adoção de cotas étnico-raciais. “É um dado empírico que os alunos de escola pública e os afrodescendentes têm dificuldade de acesso às universidades públicas”, apontou.
O ministro Joaquim Barbosa votou pelo desprovimento do recurso extraordinário, justificando que os fatores raciais, sociais e econômicos se mesclam nessa questão. “Não há como sustentar que, resolvida a questão racial, devemos esquecer os aspectos econômicos e sociais”, sublinhou.
O ministro Gilmar Mendes votou pelo desprovimento do recurso extraordinário, apontando que o sistema será reavaliado neste ano, mas fez ressalvas em relação ao programa, apontando que algumas escolas públicas gaúchas, como as de aplicação e as militares, podem ser mais “elitistas” que os colégios privados.
“Em geral no Brasil, estão nas escolas públicas as pessoas com menor poder aquisitivo. No entanto, o critério de alunos oriundos de escola pública quando aplicada em determinadas unidades da federação pode se revelar discriminatória. Esse sistema pode estimular uma atitude arrivista de aproveitar o modelo para facilitar o caminho a universidade, fugindo do concurso universal”, ressaltou o ministro Gilmar Mendes, defendendo que a política da UFGRS merece uma “meditação” depois de cinco anos de existência.
O ministro Celso de Mello seguiu na íntegra o voto do relator e, ao negar provimento ao recurso, ressaltou que a adoção de mecanismos de compensação fundados em políticas públicas e ações afirmativas têm por objetivo a promoção de uma sociedade “justa, livre, fraterna e solidária” – prevista não apenas na Constituição Federal, mas também em tratados e convenções internacionais dos quais o Brasil é signatário, como a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial das Nações Unidas.
O objetivo de tais instrumentos, assinalou, é promover a igualdade no futuro, “ainda que, no presente, pareçam criar desigualdades”. Para o ministro Celso de Mello, há fundamentos normativos suficientes para legitimar a plenitude de ações afirmativas – entre eles o princípio da autonomia das universidades.
O presidente do STF, ministro Ayres Britto, reafirmou os fundamentos adotados no voto proferido na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 186, relativa ao sistema de cotas raciais na Universidade de Brasília (UnB). Depois de reiterar as diferenças entre cotas raciais e sociais, o ministro Ayres Britto assinalou que, “quando há desigualdades factuais, que desestabilizam a vida social, o direito cria desigualdades jurídicas, para restabelecer o equilíbrio da sociedade”.
Ao negar provimento ao recurso, o ministro assinalou que a Constituição da República prevê, no artigo 23, inciso X, que é dever do Estado “combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos”. Neste sentido, concluiu, “nossa Constituição é um atestado eloquente ao desumanismo dos preconceitos, ela é humanista por excelência, e se qualifica como um documento civilizado no âmbito das nações de economia desenvolvida e de democracia consolidada”.
Os ministros Dias Toffoli, Carmem Lúcia Antunes Rocha e Cezar Peluso também acompanharam o relator.
Divergência
Único ministro a votar pelo provimento do recurso extraordinário, o ministro Marco Aurélio avaliou que não vê motivo para haver cotas de acesso à universidade para alunos oriundos de escola pública. “Uma coisa é a busca do tratamento igualitário levando em conta a raça e o gênero. Outra coisa é fazer uma distinção pela escola de origem”, sustentou.
Para o ministro Marco Aurélio, não é possível presumir que o ensino público não viabiliza o acesso à universidade. “Dessa forma, estaremos censurando o próprio estado, que mantém as escolas públicas”, pontuou. A seu ver, o critério econômico não pode ser aventado no caso, pois não estudam em colégios públicos apenas os “menos afortunados”.
Sexta-feira, 11 de maio de 2012.
Direito
de gestante contratada por prazo determinado é tema com repercussão.
Por meio do Plenário Virtual, os ministros do Supremo Tribunal
Federal (STF) reconheceram a repercussão geral do tema tratado no Recurso
Extraordinário com Agravo (ARE) 674103, no qual o Estado de Santa Catarina
questiona decisão do Tribunal de Justiça local (TJ-SC), que garantiu a uma
professora contratada pelo estado por prazo determinado o direito à
licença-maternidade e à estabilidade provisória desde a confirmação da gravidez
até cinco meses após o parto.
Relator do
processo, o ministro Luiz Fux considerou que o tema tem relevância
constitucional já que “a coexistência do vínculo a título precário com o
direito à licença-maternidade e a garantia de emprego decorrente da
estabilidade provisória pode dar ensejo a consequências para as mulheres no
mercado de trabalho, bem como trazer implicações legais aos contratantes, o que
concerne ao princípio da autonomia da vontade”.
No recurso
ao STF, a Procuradoria do Estado de Santa Catarina alegou que a contratação da
professora foi feita para viger por tempo certo e determinado, por isso o alongamento
desse prazo a pretexto da estabilidade provisória concedida à gestante “é
descaracterizar esta espécie de admissão, transmudando-a para prazo
indeterminado, inviabilizando, em consequência, até mesmo os fins para os quais
o Estado foi autorizado a admiti-la”.
O ministro
Fux salientou que as duas Turmas dos STF registram decisões sobre a questão em
debate, nas quais foi assegurado o direito à gestante independentemente do
regime jurídico de trabalho, à licença-maternidade de 120 dias
e à estabilidade provisória desde a confirmação da gravidez até cinco meses
depois do parto, nos termos do artigo 7º, inciso XVIII, da
Constituição Federal e do artigo 10, inciso II, alínea b, do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT).
O ministro
destacou que a questão tratada nesse recurso ultrapassa os interesses das
partes, mostrando-se “relevante do ponto de vista econômico, político, social e
jurídico”. Dessa forma, ele se manifestou pela existência de repercussão geral
da matéria e sua posição foi confirmada pelo Plenário Virtual da Corte.
CR/88, art. 7º, XVIII
- licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de
cento e vinte dias;
ADCT- Art. 10. Até que seja
promulgada a lei complementar a que se refere o art. 7º, I, da Constituição:
II - fica vedada a dispensa arbitrária
ou sem justa causa:
b) da empregada gestante, desde a
confirmação da gravidez até cinco meses após o parto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário