Bom dia,
Texto retirado de concurso público do TRE-MS, em 2005, do qual, a meu ver, podemos extrair lições para nosso cotidiano:
As verdades da
Ciência
Li recentemente nos
jornais que o renomado cientista
Stephen Hawking fez
uma declaração sensacional, para dizer o
mínimo. Afirma que
cometeu um erro ao enunciar, nos anos 70,
a sua teoria dos
buracos negros, e agora se prepara para
apresentar as devidas
correções diante de um plenário de
cientistas. Para
entender o de que vou aqui tratar não é necessário
saber o que são os
buracos negros; basta lembrar que
constituem uma das
questões mais controversas e cativantes
da astrofísica moderna.
Para os que lidam com
as ciências, não há nada de
excepcional nessa
atitude de Hawking, mas entendo que o
episódio deva ser
levado ao conhecimento dos jovens de todas
as escolas
não-fundamentalistas e leigas, para que reflitam
sobre os princípios
da ciência moderna. Esta não crê que o
novo está sempre
certo, ou que a verdade reside congelada
num passado remoto.
Ao contrário, ela se baseia no princípio da
“falibilidade”,
segundo o qual a ciência avança corrigindo-se
constantemente,
desmentindo suas hipóteses por meios de
tentativa e erro,
reconhecendo os próprios enganos e considerando
que um experimento
malsucedido não é um fracasso,
podendo ser tão
valioso quanto outro bem-sucedido, por provar
que determinada linha
de pesquisa estava equivocada, e que é
necessário
corrigi-la, ou mesmo recomeçar do zero.
Esse modo de pensar
opõe-se a todas as formas de
fundamentalismo, a
todas as interpretações literais das sagradas
escrituras – também
passíveis de constante reinterpretação
– e a todas as
certezas dogmáticas das próprias idéias.
Essa é a boa
“filosofia”, no sentido cotidiano e socrático do
termo, que a escola
deveria ensinar.
Umberto Eco
(Adaptado do site http://
revistaentrelivros.uol.com.br)- TER-MG/2005.
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